… No dia 24 de junho de 1968, faz hoje precisamente 54 anos, quando fui chamado para cumprir o serviço militar, fui colocado no Regimento de Transmissões em Arca d`Água no Porto, o que me possibilitou assistir pela primeira vez, aos festejos de São João no Porto, festa que segundo registos, já existem na cidade Invicta desde o século XIV. São João Baptista, foi um pregador Judeu, que nasceu perto de Jerusalém no princípio do século i, sendo o santo mais celebrado no Porto, e a noite de 23 para 24 de junho é a maior festa da cidade. O dia em que se comemora o nascimento de São João Baptista, 24 de junho, foi escolhido por referendo feito à população da cidade em 1911, para ser o feriado Municipal da cidade do Porto!.
(… On June 24, 1968, exactly 54 years ago today, when I was called to do military service, I was placed in the Regiment of Transmissions in Arca d`Água in Porto, which made it possible for me to attend for the first time, the festivities of São João in Porto, a festival that according to records, has existed in the Invicta city since the 14th century. Saint John the Baptist, was a Jewish preacher, who was born near Jerusalém at the beginning of the 1st century, being the most celebrated Saint in Porto, and the night of the 23rd to the 24th of June is the biggest party in the city. The day on which the birth of Saint John the Baptist is celebrated, June 24, was chosen by a referendum made to the population of the city in 1911, to be the Municipal holiday of the city of Porto)!.
…Passados dois anos em que o dia de nascimento de João Baptista, 24 de junho, que é celebrado na noite de 23 para 24, não foi festejado como é tradição, devido à pandemia de Covid-19, este ano, os festejos voltaram de novo às ruas na cidade Invicta, e o povo fez vista grossa às misérias e guerras que estão a acontecer por esse mundo fora, e volta de novo às ruas para celebrar na noite de 23 para 24 de junho, o nascimento de São João Baptista, o Santo popular adotado pela cidade do Porto, com bailaricos, sardinha assada, martelinhos, balões e o tradicional alho-porro. Santo que muitos portuenses, e até eu, pensavam ser o Padroeiro da cidade do Porto, mas não! São João é o Padroeiro da borga, do folguedo, e de uma festa lindíssima, mas, São João nunca foi Padroeiro da cidade do Porto!
(…After two years in which the day of birth of John the Baptist, June 24, which is celebrated on the night of the 23rd to the 24th, was not celebrated as is tradition, due to the Covid-19 pandemic, this year, the festivities have returned from the streets of the Invicta city, and the people turned a blind eye to the miseries and wars that are happening around the world, and returned to the streets again to celebrate on the night of the 23rd to the 24th of June, the birth of Saint John the Baptist, the popular Saint adopted by the city of Porto, with dancers, grilled sardines, hammers, balloons and the traditional leek. Saint that many people from Porto, and even myself, thought was the Patron Saint of the city of Porto, but no! São João is the patron saint of borga, of revelry, and of a beautiful party, but, Saint John the Baptist was never patron of the city of Porto)!.
… E ainda hoje, passados 54 anos, recordo essa inesquecível noite de festa de 23 para 24 de junho, que passei no meio daquela confusão de pessoas, onde com o martelinho oferecido pela cerveja Super Bock, trocava marteladas com as mossas que se cruzavam comigo, pelas vielas e ruas da zona histórica da cidade, desde a Praça da Liberdade até ao Cais da Ribeira, só que, como o dinheiro não abundava, nem uma sardinha pude comprar, e até o caminho desde Arca d’Agua à zona dos festejos e vice-versa, tive de o fazer a caminhar, mas hoje, 54 anos passados, festejei o dia de São Pedro na companhia de uns amigos, onde não faltou a boa sardinha assada, mas, sem marteladas, os martelinhos foram substituídos por uns copos de vinho tinto do Douro, da região de Vizela, e o alho-porro, foi substituído por uma boa salada de tomate e pepino, e agora vamos aguardar a ver como vão ser os festejos de São João Baptista, para o ano que vem!.
(…And even today, 54 years later, I remember that unforgettable party night from the 23rd to the 24th of June, which I spent in the midst of that confusion of people, where with the hammer offered by the Super Bock beer, I exchanged hammers with the dents that crossed me. , through the alleys and streets of the historic part of the city, from Praça da Liberdade to Cais da Ribeira, but as money was not abundant, I couldn’t even buy a sardine, and even the way from Arca d’Água to the festivities area and vice versa, I had to walk, but today, 54 years later, I celebrated the day of Saint John the Baptist, in the company of some friends, where there was no shortage of good grilled sardines, but, without hammering, the hammers were replaced by some glasses of Douro red wine, from the Vizela region, and the leek, was replaced by a good tomato and cucumber salad, and now we will wait and see how the São João Baptista festivities will be, for next year) !.
…A 25 de outubro de 1838, nasce em Paris Alexandre César Leopold Bizet, aquele que viria a ser um talentoso pianista e compositor francês, conhecido por “Georges Bizet” ou, simplesmente “Bizet”, e hoje, dia 3 de março de 2022, completam-se 147 anos da estreia na ópera de Paris, a 3 de março de 1875, da sua última composição, uma das mais populares óperas instrumentais que compôs, a ópera romântica “Cármen”, uma ópera que tantas vezes executei, aquando filarmónico na Banda da minha aldeia, Sociedade Filarmónica Maiorguense, ópera que nós simplesmente conhecíamos por “Carmen de Bizet”, sem nunca ouvir falar sobre o seu compositor “Georges Bizet” ou, simplesmente “Bizet”!.
(…What I didn’t know!… On October 25, 1838, Alexandre César Leopold Bizet was born in Paris, who would become a talented French pianist and composer, known as “Georges Bizet” or simply “Bizet”, and Today, March 3, 2022, marks the 147th anniversary of the premiere at the Paris Opera, on March 3, 1875, of his last composition, one of the most popular instrumental operas he composed, the romantic opera “Cármen”, a (opera that I performed so many times, when I was philharmonic in the Banda da my village, Sociedade Filarmónica Maiorguense, opera that we simply knew as “Carmem de Bizet”, without ever hearing about its composer “Georges Bizet” or simply “Bizet”!.)
…Bizet depois da Guerra Franco-Prussiana de 1870 até 1871, serviu na Guarda Nacional e, a produção da sua última ópera “Carmen de Bizet”, foi adiada por se temer que os seus temas de traição e assassinato, ofendessem o povo, onde se incluía a “Canção Revolucionária Francesa”, conhecida por La Marseillaise (A Marselhesa), composta pelo oficial Claude Joseph Rouget de Lisle em 1792. A canção adquiriu grande popularidade durante a Revolução Francesa, especialmente nas unidades do exército de Marselha, daí ser conhecida por La Marseillaise (A Marselhesa)!.
(…Bizet after the Franco-Prussian War of 1870 until 1871, he served in the National Guard and, the production of his last opera “Carmen de Bizet”, was postponed for fear that his themes of betrayal and murder would offend the people, where included the “French Revolutionary Song”, known as La Marseillaise (The Marseillaise), composed by the officer Claude Joseph Rouget de Lisle in 1792. The song acquired great popularity during the French Revolution, especially in the Marseille army units, hence it was known by La Marseillaise (The Marseillaise)!.)
…As voltas que a canção revolucionária composta pelo oficial do exército francês Lisle, músico autodidata percorreu até ser reconhecida e oficializada definitivamente como o Hino Nacional da França! Em 1795, Servan de Gerbey, ministro da Guerra da França, escreveu ao General Dumouriez, comandante do exército revolucionário, comunicando que o “Hino conhecido pelo nome de La Marseillaise”, tinha sido instituído pela Convenção, órgão que vigorou em França no período entre setembro de 1792 a outubro de 1795, como Hino Nacional da França! Entretanto, o General Napoleão Bonaparte baniu “A Marselhesa” durante o Império! A revolução de 1830, não só restabeleceu o status de Hino Nacional, como é inclusive reorquestrada por Hector Berlioz na mesma década! Entretanto, Napoleão III, tornaria a banir a canção, até que em 1879, com a instauração da III República, a canção foi definitivamente confirmada como Hino Nacional Francês, vindo a ser reafirmado nas constituições de 1946 e 1958!.
(…The twists that the revolutionary song composed by the French army officer Lisle, a self-taught musician took until it was definitively recognized and made official as the National Anthem of France! In 1795, Servan de Gerbey, Minister of War of France, wrote to General Dumouriez, commander of the revolutionary army, communicating that the “Hymn known by the name of La Marseillaise”, had been instituted by the Convention, an organ that was in force in France in the period between September 1792 to October 1795, as the National Anthem of France! However, General Napoleon Bonaparte banned “La Marseillaise” during the Empire! The 1830 revolution not only re-established the status of the National Anthem, it was even re-orchestrated by Hector Berlioz in the same decade! However, Napoleon III would banish the song again, until in 1879, with the establishment of the Third Republic, the song was definitively confirmed as the French National Anthem, being reaffirmed in the constitutions of 1946 and 1958!.)
…Três meses depois da pré-estreia da ópera “Carmen”, a 3 de março de 1875, Bizet a 3 de junho do mesmo ano de 1875, com 36 anos de idade, morre de ataque cardíaco, sem chegar a saber do sucesso espectacular que a sua última ópera, “Carmen” iria ter!.
(…Three months after the premiere of the opera “Carmen”, on March 3, 1875, Bizet on June 3, 1875, at the age of 36, died of a heart attack, without knowing about the spectacular success, that his last opera, “Carmen” would have!.)
…O que acima descrevo, era o que desconhecia sobre o parisiense Alexandre César Leopold Bizet, pianista e compositor da ópera romântica “Carmen”, conhecido por “Georges Bizet”! Como já atrás referenciei, aquando filarmónico, da filarmónica da minha aldeia, executei durante anos, uma overture intitulada por “Carmen de Bizet”, obra onde o Hino Nacional Francês La Marseillaise, com um belíssimo arranjo para clarinetes que eu adorava ouvir, no entanto, nunca soube nada sobre quem tinha sido o seu compositor! Hoje, passados sessenta anos, após pesquisas que fiz sobre quem foi Bizet, a Arca, onde guardo as boas e as más memórias e, conhecimentos que tenho vindo a adquirir ao longo da vida… com a informação que obtive sobre quem foi “Georges Bizet”, ela fica sem dúvida mais rica !.
…What I describe above, was what I did not know about the Parisian Alexandre César Leopold Bizet, pianist and composer of the romantic opera “Carmen”, known as “Georges Bizet”! As I mentioned earlier, when I was a philharmonic, from the philharmonic in my village, I performed for years an overture entitled “Carmen de Bizet”, a work where the French National Anthem La Marseillaise, with a beautiful arrangement for clarinets that I loved to hear, however , I never knew anything about who its composer had been! Today, sixty years later, after researching who Bizet was, the Ark, where I keep the good and bad memories and knowledge that I have been acquiring throughout my life… with the information I obtained about who was “Georges Bizet” ”, she gets arguably richer!.
Fotos antigas ainda a preto e branco de Porto Amélia – década de 1960. (Old still black and white photos of Porto Amélia – 1960s.)
…O “Paquete Moçambique” depois de navegar 1.600 (+-) Milhas nas águas do Canal de Moçambique (distância que separa as cidades de Lourenço Marques a Porto Amélia por via marítima), com paragem na cidade da Beira, capital da então província de “Manica e Sofala” e depois, na Ilha de Moçambique(Ilhota do paralelo 15 S), Ilha que deu o nome ao país do qual veio a ser a primeira capital, cidades que adorei conhecer, e que, na ausência de máquina fotográfica, foram os meus olhos quem se encarregaram de captar fotos e fazer vídeos, que ainda hoje, e já lá vão mais de cinco décadas, guardo no meu baú de memórias. No dia 5 de Maio de 1970, ao fim de sete dias de viagem, o “Paquete Moçambique” entra nas águas da Baía de Pemba, a terceira maior Baía do Mundo, e atraca no cais marítimo de Porto Amélia, onde desembarquei, ficando mais uma vez à espera de boleia para Mueda!
(… The “Paquete Moçambique” after sailing 1,600 (+ -) Miles in the waters of the Mozambique Channel (distance that separates the cities of Lourenço Marques to Porto Amélia by sea), with a stop in the city of Beira, capital of the then province of “Manica e Sofala” and then, on Ilha de Moçambique (Islet of parallel 15 S), Island that gave the name to the country from which it became the first capital, cities that I loved to visit, and that, in the absence of a camera, it was my eyes that took the responsibility to capture photos and make videos, which I still keep in my chest of memories even today, and have been going for more than five decades. On May 5, 1970, after seven days of travel, “Paquete Moçambique” enters the waters of Pemba Bay, the third largest Bay in the World, and docks at Porto Amélia sea pier, where I disembarked, becoming more once waiting for a ride to Mueda!)
…o Povoadode Pemba, que depois passou a Vila e mais tarde a Cidade, localizada no Paralelo 13 Sul, junto da terceira maior Baía do Mundo, sendo a primeira a de Guanabara no Brasil, seguida da de Sidney na Austrália. (…) Na cidade de Porto Amélia, conforme a foto mostra, existem duas cidades distintas, uma construída a pedra e cal/cimento com os edifícios pintados a branco, a outra mais a sul, formada por construções precárias e coberturas “Makuti” (folhas secas de Palmeiras e Coqueiros), aglomerados que eram designados por aldeamento indígena, onde não se vislumbram pinturas a branco, nem casas construídas a pedra e cal, até parece ser uma cópia da Ilha de Moçambique, onde existe uma cidade de Pedra e Cal, e uma outra, a Cidade Indígena de Makuti. Coincidências de outros tempos!…
(… the Pemba Village, which later passed to Vila and later to Cidade, located in Parallel 13 South, next to the third largest Bay in the World, the first being Guanabara in Brazil, followed by Sydney in Australia. (…) In the city of Porto Amélia, as shown in the photo, there are two different cities, one built in stone and cement with buildings painted in white, the other to the south, formed by precarious constructions and “Makuti” roofs ( dry leaves of Palmeiras and Coqueiros), agglomerates that were called indigenous village, where there are no glimpses of white paintings, nor houses built in stone and lime, it seems to be a copy of Ilha de Moçambique, where there is a city of Pedra e Cal , and another, the Makuti Indigenous City. Coincidences of other times! …)
…até meados do século XIX, apenas houve uma tentativa de ocupação portuguesa ao posto de Pemba, onde se chegou a construir um pequeno forte, que viria a ser abandonado passados alguns anos. — Aquando da formação da Companhia do Niassa, que detinha poderes de administração do território, dá-se então a ocupação definitiva de Pemba, que elevou o pequeno posto comercial à categoria de Povoação, passando em 1890 (?), a designar-se por Porto Amélia, em homenagem à Rainha D. Amélia de Orleans, esposa D´el Rei Dom Carlos. — Em 1929 torna-se a capital do recém criado Distrito de Cabo Delgado. Em Dezembro de 1934, Porto Amélia é elevada à categoria de Vila, e a cidade em Outubro de 1958. Em Março de 1976, depois da independência nacional, mudaram de novo o nome da edilidade para “Pemba”!
(… until the middle of the 19th century, there was only an attempt by the Portuguese to occupy the post in Pemba, where a small fort was built, which would be abandoned after a few years. – When the Companhia do Niassa was formed, which had powers to administer the territory, Pemba was finally occupied, which raised the small trading post to the category of Povoação, passing in 1890 (?), To be designated Porto Amélia, in honor of Queen D. Amélia of Orleans, wife D´el Rei Dom Carlos. – In 1929 it became the capital of the newly created Cabo Delgado District. In December 1934, Porto Amélia was elevated to the category of Vila, and the city in October 1958. In March 1976, after the national independence, they changed the name of the city again to “Pemba”!)
…depois deste bocadinho de história/geografia sobre Porto Amélia e da Baía de Pemba, onde desembarquei no dia 5 de Maio de 1970, ficando a aguardar por boleia, na coluna que vinha de Nampula e passava por Porto Amélia, onde se ia juntar a uma coluna militar, também com destino a Mueda. (…) Em Lourenço Marques, fui enfiado para dentro do Navio Moçambique, como diz o velho ditado, ao “Deus dará” com destino a Mueda, parecia eu que ia à boleia da minha aldeia para Lisboa. — Já dentro do navio, vim a ser informado que não tinha direito a aposentos, que me desenrasca-se pelo convés, valeram-me os amigos João Russo e Mascarenhas, músicos da orquestra do paquete “Moçambique”, que me acolheram no camarote que lhes estava destinado, onde existia uma cama vaga. — Ao chegar a Porto Amélia, apanhei boleia em viatura militar até ao Batalhão de Caçadores 14 (BCAÇ14), tendo-me dirigido ao posto de transmissões, à procura de algum operador que tivesse feito parte no meu curso de telegrafista, no Regimento de Transmissões no Porto em 1968, por onde eu também tinha passado, tive sorte, pois estavam dois camaradas do meu curso, foi o que me valeu, para além de terem dado uma pequena volta mostrando-me um pouco da cidade, ainda me arranjaram cama para pernoitar naquela noite do dia 5 para 6, dia em que seguiria para Mueda novamente à boleia, mas, desta vez em coluna militar. No meu próximo artigo irei contar como foi o passeio de Porto Amélia a Mueda, passando por Monte Puez, Nairoto, Muirite, Nancatári, Mueda!
(… After this little bit of history / geography about Porto Amélia and Pemba Bay, where I landed on May 5, 1970, waiting for the column of civilian trucks that came from Nampula, which in Porto Amélia would join a column military, forming a single column bound for Mueda. (…) In Lourenço Marques, I was shoved into the Mozambique Ship, as the old saying goes, to “God will give” to Mueda, I seemed to be hitchhiking from my village to Lisbon. – Once inside the ship, I came to be informed that I was not entitled to quarters, that I am unscathed by the deck, my friends João Russo and Mascarenhas, musicians of the orchestra of the “Mozambique” raft, who welcomed me in the box that it was meant for them where there was a vacant bed. – When I arrived in Porto Amélia, I was taken to the Battalion of Hunters 14 (BCAÇ14) and, I went to the broadcasting station looking for a telegraph operator who had been part of my Platoon, in the Broadcasting Regiment in Porto in 1968, for where I had also gone to take the Radiotelegrafista specialty, I was lucky because there were two comrades from my course, it was worth it, besides taking a short walk showing me a little bit of the city, they even got me a bed to spend the night in that night from the 5th to the 6th, the day he would go to Mueda, hitchhiking again, but this time in a military column. In my next article I will tell you about the trip from Porto Amélia to Mueda, passing through Monte Puez, Nairoto, Muirite, Nancatári, Mueda!)
… Depois de uma paragem de dois dias, que permitiu conhecer alguns dos locais mais emblemáticos da cidade da Beira e, respirar o ar quente e sufocante, à misturado com a praga de mosquitos gerada nas águas paradas do Rio Chiveve, é chegado o momento de regressar ao “Paquete Moçambique”, que saiu do cais da Beira às 10H00 da manhã, com destino à Ilha de Moçambique, (Ilhota localizado no Paralelo 15 S!)
(…After a two-day stop, which made it possible to get to know some of the most emblematic places in the city of Beira, and breathe in the hot, suffocating air mixed with the mosquito plague generated in the still waters of the Chiveve River, the time has come to return to board the “Paquete Moçambique”, which left the pier in Beira at 10 am in the morning, bound for Ilha de Moçambique, Ilhota located in Paralelo 15 S.)
Uma das vistas aéreas das Cataratas Vitória no Rio Zambeze, localizadas entre a Zâmbia e o Zimbabwe, com a maior queda de água do Mundo de 128 m de altura, declaradas pela UNESCO Património da Humanidade em 1989. (In addition to the aerial views of Victoria Falls on the Zambezi River, located between Zambia and Zimbabwe, with the largest waterfall in the world, 128 m high, declared by UNESCO a World Heritage Site in 1989.)
…o “Paquete Moçambique” navegava para Norte, rumo à Ilha de Moçambique, nas águas do canal de Moçambique, entre a costa da África Oriental Portuguesa, e a Ilha de São Lourenço (actual Madagáscar). — Tinha consciência de que a viagem de Cruzeiro iria terminar para mim em Porto Amélia, mas, que ainda tinha de fazer a viagem de cinco dias em viaturas militares pelas Picadas, onde tudo era de esperar. Só de pensar nestas coisas me fazia doer a Alma. — À noite, no “Paquete Moçambique” depois do jantar, para desanuviar o espírito, lá ia eu com os amigos João (Russo) e Mascarenhas, até ao Salão da 1ª classe assistir à actuação da orquestra e, por vezes dar um pé de dança com alguma turista sul africana, visto que, a partir de Porto Amélia a dança iria ser outra!
(… “Paquete Moçambique” sailed north towards Ilha de Moçambique, in the waters of the Mozambique channel, between the coast of Portuguese East Africa, and São Lourenço Island (present-day Madagascar). – I was aware that the cruise trip would end for me in Porto Amélia, but that I still had to make the five-day trip in military vehicles through the Picadas, where everything was to be expected. Just thinking about these things made my soul ache. – At night, at “Paquete Moçambique” after dinner, to unwind the spirit, there I went with friends João (Russo) and Mascarenhas, up to the 1st class room to watch the orchestra perform and, sometimes, take a walk. dance with some South African tourist, since, from Porto Amélia the dance would be different!)
Foz (por Delta) do Rio Zambeze ao desaguar no Oceano Indico. (Mouth (by Delta) of the Zambezi River when it flows into the Indian Ocean.)
…O Navio “Moçambique” navegava rumo a Porto Amélia no Canal de Moçambique, entre a Ilha Francesa de Juan de Nova e a costa Oriental de Moçambique, passando ao largo da foz do Rio Zambeze, rio que nasce na Zâmbia, passa por Angola, e depois estabelece fronteira entre a Zâmbia e o Zimbabwe, atravessando Moçambique de oeste para leste, onde estabelece fronteira entre as províncias de Sofala e Zambézia, indo desaguar no oceâneo Indico num enorme delta. — rio onde no sábado dia 21 de Junho de 1969 pelas 17H00, ocorreu uma tragédia com a coluna militar que se deslocava do Sul para Norte, aquando da travessia que estava a ser feita pelo batelão “São Martinho” entre Chupanga e Mopeia que, devido ao excesso de peso, começou a meter água, acabando por se afundar com 26 viaturas militares e 150 pessoas a bordo, sendo recuperadas 24 das 26 viaturas afundadas, e recuperados 102 corpos de Militares, ficando por recuperar duas viaturas e dois corpos de militares. Estava eu no Q.G. em Lourenço Marques a prestar serviço, desde 25 de Janeiro do mesmo ano!
(… The Ship “Mozambique” sailed towards Porto Amélia on the Mozambique Channel, between the French Island of Juan de Nova and the Eastern coast of Mozambique, passing by the mouth of the Zambezi River, a river that rises in Zambia, passes through Angola, and then it establishes a border between Zambia and Zimbabwe, crossing Mozambique from west to east, where it establishes a border between the provinces of Sofala and Zambézia, going into the Indian Ocean in a huge delta. – river where on Saturday, June 21, 1969 at 5 pm, there was a tragedy with the military column moving from South to North, during the crossing that was being made by the “São Martinho” barge between Chupanga and Mopeia which, due to excess weight, he began to pour water, eventually sinking with 26 military vehicles and 150 people on board, 24 of the 26 sunk vehicles being recovered, and 102 military bodies recovered, leaving two vehicles and two military bodies to be recovered. I was in the Q.G. in Lourenço Marques to provide service, since January 25 of the same year!)
Vista aérea da Ilha de Moçambique, situada na província de Nampula, com 3 Km de comprimento por varias larguras, não excedendo os 400 metros no ponto mais largo. A Ilha foi descoberta por Vasco da Gama no ano de 1498, aquando da descoberta do caminho marítimo para a India. (Aerial view of the Island of Mozambique, located in the province of Nampula, with 3 km in length by several widths, not exceeding 400 meters at the widest point. The island was discovered by Vasco da Gama in 1498, when he discovered the sea route to India.)
…A Ilha, cujo nome muitos nativos dizem ser Muipiti, foi ocupada pelos portugueses em 1507, que passaram a denominá-la por “Ilha de Moçambique”. — De acordo com o nome do Xeque Árabe que ali governava, “Mussa Bem-Bique” ou “Mussa Bin-Bique”, ou “Mussa Al-Mbique”, daí, extraíram o nome “Moçambique”, que, posteriormente seria atribuído a toda a colónia, vindo a Ilha (Ilha de Moçambique), a ser a primeira capital de toda a colónia. — A Ilha foi elevada à categoria de Vila em 1761 e, no ano de 1818 à de cidade. — O principal comércio da Ilha era a exportação de escravos para o Brasil, mas, com a Independência deste em 1822, a importação de escravos cessou, como o Brasil era o principal destino deste comércio, dá-se então o colapso económico da Ilha, o que veio a dar origem em 1898, a que a Ilha de Moçambique perdesse o estatuto de capital da colónia, em detrimento de Lourenço Marques!
(… The island, whose name many natives say is Muipiti, was occupied by the Portuguese in 1507, changing its name to “Ilha de Moçambique”. – According to the name of the Arab Sheikh who ruled there, “Mussa Bem-Bique” or “Mussa Bin-Bique”, or “Mussa Al-Mbique”, from there, they extracted the name “Mozambique”, which would later be attributed to the entire colony, coming to Ilha (Ilha de Moçambique), to be its first capital of the whole colony. – The island was elevated to the category of village in 1761 and, in the year 1818 to that of city. – The main trade on the Island was the export of slaves to Brazil, but, with its Independence in 1822, the importation of slaves ceased, as Brazil was the main destination of this trade, so the economic collapse of the Island occurs, which gave rise in 1898, to the island of Mozambique losing the status of capital of the colony, to the detriment of Lourenço Marques!)
…A Ilha de Moçambique está dividida em duas partes, a parte a norte é conhecida por “Cidade de Pedra”, onde os edifícios habitacionais e os monumentos históricos, foram construídos a “Pedra e Cal”, a parte a sul da Cidade da Pedra, está o “Bairro Makuti” ou “Cidade de Makuti”, situada abaixo do nível das águas do mar, área onde vive a maioria da população insular, em casas de construção precária, cobertas com folhas de palmeira ou coqueiro seco “Makuti”. A localização a este nível do Bairro Makuti, deve-se ao facto de ter sido este o local de onde foram retirados os materiais (Pedra e Areia), usados nas construções da parte a norte da Ilha, denominada por Cidade de Pedra!
(…Ilha de Moçambique is divided into two parts, the northern part is known as “Cidade de Pedra”, where housing buildings and historical monuments were built “Pedra e Cal”, the southern part of Cidade da Pedra , is the “Bairro Makuti” or “Cidade de Makuti”, located below sea level, an area where the majority of the island population lives, in houses of precarious construction, covered with palm leaves or “Makuti” dry coconut. The location at this level of Bairro Makuti, is due to the fact that this was the place where the materials (Stone and Sand) were used, used in the constructions of the northern part of the Island, called Stone Town!)
…Pela manhã de sexta-feira dia 3 de Abril, chegamos à Ilha de Moçambique, onde permanecemos um dia (mais ou menos), que ainda deu para ir visitar a Ilhota do Paralelo 15 S, na companhia dos amigos músicos da orquestra do paquete “Moçambique”. como não tinha máquina fotográfica, coisa que nunca pensei comprar, nem sequer tinha dinheiro para isso, como tal, não tirei fotos, mas, tudo o que visitei e vi, ainda hoje ao fim de 51 anos, se encontra guardado no meu Bau, onde ainda guardo muitas das memórias vividas. (…) Recordo uma cena que se passou na Ilha com o Mascarenhas (chefe da orquestra), num restaurante local onde fomos jantar. O Mascarenhas foi impecável para mim durante toda a viagem a bordo do “Moçambique”, mas, segundo me contou o João Russo, era um homem muito desordeiro, no barco estava sempre a arranjar problemas, sendo chamado com frequência à presença do comandante do navio. À mesa do restaurante, criou uma desordem com habitantes locais, que nos obrigou a abandonar o restaurante, e vir rapidamente para o barco, procurando evitar a cena de pancadaria que se estava a crer gerar. Era assim o temperamento que eu desconhecia do Mascarenhas, homem Lisboeta, que vivia na Nazaré!
(… On the morning of Friday the 3rd of April, we arrived at Ilha de Moçambique, where we stayed for a day (more or less), which still allowed us to visit the Islet of Paralelo 15 S, in the company of the musician friends of the packet orchestra “Mozambique”. as I didn’t have a camera, which I never thought to buy, I didn’t even have the money for it, so I didn’t take photos, but everything I visited and saw, even today after 51 years, is stored in my Bau, where I still keep many of the memories lived. (…) I remember a scene that took place on the island with Mascarenhas (head of the orchestra), in a local restaurant where we went to dinner. Mascarenhas was impeccable for me during the entire trip aboard “Mozambique”, but, according to João Russo, he was a very disorderly man, on the boat he was always getting into trouble, and he was frequently called to the presence of the ship’s captain . At the restaurant table, he created a disorder with locals, which forced us to leave the restaurant, and quickly come to the boat, trying to avoid the beating scene that was believed to be generating. That was the temperament I did not know about Mascarenhas, a man from Lisbon, who lived in Nazaré!)
A Ilha de Moçambique está ligada ao continente (Província de Nampula), por uma ponte com 3,8 km de comprimento, construída na década de 1960, que cruzei duas vezes no dia 3 de Abril de 1970. (Ilha de Moçambique is connected to the mainland (Nampula Province), by a 3.8 km long bridge, built in the 1960s, which I crossed twice on April 3, 1970.)
…Estátua do navegador português Vasco da Gama, na praça em frente do antigo Palácio dos Capitães-Generais, na Ilha de Moçambique, descobridor de Moçambique no ano de 1498. Deixamos para trás a Ilhota do Paralelo 15, regressando ao “Paquete Moçambique”, para iniciarmos a terceira e última etapa “Ilha de Moçambique – Porto Amélia”, cidade onde iria terminar o meu inesquecível cruzeiro de sete dias!…
(… Statue of the Portuguese navigator Vasco da Gama, in the square in front of the old Palácio dos Capitães-Generais, on the Island of Mozambique, discoverer of Mozambique in 1498. We left the Islet of Paralelo 15 behind, returning to “Paquete Moçambique”, to start the third and final stage “Ilha de Moçambique – Porto Amélia”, the city where my unforgettable seven-day cruise ended! …)
Igreja de Santo António da Polana — edifício emblemático em forma de uma flor invertida, popularmente conhecida por “espremedor de limão”, projetada pelo arquiteto português Nuno Craveiro Lopes, edificada no bairro de Sommerschield na Polana, em 1962. Era no bairro de Sommerschield onde residiam as pessoas mais abastadas da cidade de Lourenço Marques, sendo como tal, a zona onde se concentravam a maior parte das embaixadas de outros países.
(Santo António da Polana Church – emblematic building in the shape of an inverted flower, popularly known as “lemon squeezer”, designed by the Portuguese architect Nuno Craveiro Lopes, built in the neighborhood of Sommerschield in Polana, in 1962. It was in the neighborhood of Sommerschield the wealthiest people of the city of Lourenço Marques resided, being, as such, the area where most of the embassies of other countries were concentrated.)
Interior da Igreja de Santo António da Polana
…A Igreja da Polana foi uma obra encomendada pela Ordem dos Franciscanos, ao arquitetoNuno Craveiro Lopes. Como os padres alteraram grande parte ao projecto original, modificando o que existia de mais belo no interior da conceção final da Igreja, Nuno Craveiro Lopes ficou ofendido com a atitude dos padres, acabando por cortar relações com a Ordem dos Franciscanos, instituição a quem não havia cobrado honorários pelo seu trabalho! (…The Church of Polana was a work commissioned by the Order of Franciscans, to the architect Nuno Craveiro Lopes. As the priests changed much of the original project, modifying what was most beautiful within the Church’s final conception, Nuno Craveiro Lopes was offended by the attitude of the priests, ending up severing relations with the Order of the Franciscans, an institution to which he did not belong. he had charged fees for his work!)
O Marechal Craveiro Lopes (direita) em 1961, em visita a seu filho Nuno Craveiro Lopes (esquerda) em Lourenço Marques. (Marshal Craveiro Lopes (right) in 1961, visiting his son Nuno Craveiro Lopes (left) in Lourenço Marques.)
…O Arq. Nuno Craveiro Lopes, era filho do Marechal Francisco Higino Craveiro Lopes, quefoi o 12º Presidente da Republica Portuguesa, no período entre 9 de agosto de 1951 a 9 de agosto de 1958. — Não viria a ser proposto para um segundo mandato presidencial, em virtude de cedo ter revelado alguma oposição às políticas do Presidente do Conselho, Dr. Salazar, demonstrado até uma certa simpatia pelosoposicionistas. Craveiro Lopes era presidente, durante os quatro anos da minha escolaridade, que terminei a 19 de Julho de 1958, 21 dias antes de cessar o seu mandato presidencial. Nuno Craveiro Lopes nasceu em Lisboa em 1921 — viveu em Lourenço Marques vinte anos, até falecer de doença maligna em 1972, com apenas 51 anos de idade!
(…Arq. Nuno Craveiro Lopes, was the son of Marshal Francisco Higino Craveiro Lopes, was the 12th President of the Portuguese Republic, in the period between August 9, 1951 and August 9, 1958. – He would not be proposed for a second term presidential, due to the fact that he soon showed some opposition to the policies of the President of the Council, Dr. Salazar, even showing a certain sympathy for the oppositionists. Craveiro Lopes was president, during the four years of my schooling, which I ended on July 19, 1958, 21 days before his presidential term ended. Nuno Craveiro Lopes was born in Lisbon in 1921 – he lived in Lourenço Marques for twenty years, until he died of a malignant disease in 1972, when he was only 51 years old!)
…Chegou a hora de iniciar viagem a bordo do “Paquete Moçambique” que, deslizando sobre as águas do oceano Indico, me haveria de levar até à cidade de Porto Amélia. — para me despedir da linda cidade de Lourenço Marques, e de todos os Laurentinos com quem convivi 458 dias, usei para cartão de agradecimento, uma das fotos da Igreja de Santo António da Polana, falando um pouco da sua história e do homem que a concebeu, Arquiteto Nuno Craveiro Lopes! (…The time has come to start a trip aboard the “Paquete Moçambique” which, gliding over the waters of the Indian Ocean, would take me to the city of Porto Amélia. – to say goodbye to the beautiful city of Lourenço Marques, and to all the Laurentines with whom I spent 458 days, I used as a thank you card, one of the photos of the Church of Santo António da Polana, talking a little about its history and the man who designed, Architect Nuno Craveiro Lopes!)
…faz hoje, dia 28 de Abril de 2021, precisamente 51 anos, quando a bordo do navio “Moçambique” disse adeus a Lourenço Marques, cidade onde vivi 458 dias, para iniciar a minha segunda viagem de cruzeiro até à cidade de Porto Amélia, capital da Província de Cabo Delgado. — Digo segunda viagem de cruzeiro, porque a primeira foi a que fiz a (4 a 25 de janeiro de 1969), de Lisboa a Lourenço Marques!(…Today, April 28, 2021, precisely 51 years old, when on board the ship “Mozambique” I said goodbye to Lourenço Marques, city where I lived 458 days, to start my second cruise trip to the city of Porto Amélia, capital of Cabo Delgado Province. – I say second cruise trip, because the first was the one I took on (January 4th to 25th, 1969), from Lisbon to Lourenço Marques!)
Estação ferroviária da Beira, concluída em 1966. (Beira railway station, completed in 1966.)
…navegando rumo a norte no Canal de Moçambique, braço do Oceano Indico localizado entre Madagáscar e Moçambique, o paquete “Moçambique” ao fim de dois dias a navegar, chega pela manhã de quinta-feira dia 30 de abril à cidade da Beira, capital da então província de “Manica e Sofala”. (…) Jamais imaginei!… parece que até me confundiram com um daqueles South Africa Man, que aproveitando a passagem de navios portugueses que faziam escala nas cidades de Cape Town e Durban, faziam cruzeiros até Porto Amélia, com paragens em Lourenço Marques, Beira, Ilha de Moçambique e Porto Amélia. — em Lourenço Marques embarquei no mesmo “Paquete Moçambique”, iniciando uma viagem cruzeiro de 7 dias até Porto Amélia, com paragem na cidade da Beira, onde tive oportunidade de visitar alguns pontos da cidade!
(…Sailing north on the Mozambique Channel, the Indian Ocean branch located between Madagascar and Mozambique, the “Mozambique” boat after two days of sailing, arrives in the morning of Thursday, April 30, in the city of Beira, of the then province of “Manica and Sofala”. (…) I never imagined! … it seems that they even confused me with one of those South Africa Man, who taking advantage of the passage of Portuguese ships calling at Cape Town and Durban, cruising to Porto Amélia, with stops in Lourenço Marques , Beira, Ilha de Moçambique and Porto Amélia. – in Lourenço Marques I embarked on the same “Paquete Moçambique”, starting a 7-day cruise trip to Porto Amélia, stopping in Beira, where I had the opportunity to visit some points of the city!)
Cais da cidade da Beira, onde o “Moçambique” atracou em 30 de abril de 1970. (Pier in the city of Beira, where “Mozambique” docked on April 30, 1970.)
…a povoação foi fundada pelos portugueses no ano de 1887, numa zona conhecida por Aruângua, originalmente chamada deChiveve, nome de um rio que atravessa a cidade. — a 20 de Agosto de 1907, oPríncipe da Beira, Dom Luís Filipe, que foi o primeiro membro da família Real a visitar Moçambique, trazia com ele de Lisboa, o decreto Real que elevava a povoação de Chiveve, à categoria de cidade. Para homenagear o Príncipe da Beira Dom Luís Filipe, o nome Chiveve é alterado então para Beira (cidade da Beira) que, com o estatuto de cidade, passou a ser a capital da outrora Província de Manica e Sofala!
(…The settlement was founded by the Portuguese in 1887, in an area known as Aruângua, originally called Chiveve, after a river that runs through the city. – on August 20, 1907, the Prince of Beira, Dom Luís Filipe, who was the first member of the Royal family to visit Mozambique, brought with him from Lisbon, the Royal decree that elevated Chiveve to the category of city. To honor the Prince of Beira Dom Luís Filipe, the name Chiveve is then changed to Beira (city of Beira) which, with the status of city, became the capital of the former Province of Manica and Sofala!)
Assinalado a vermelho, alguns dos métodos usados pelo antigo regime para atrair colonos. (Marked in red, some of the methods used by the old regime to attract settlers.)
…a cidade da Beira, um ano depois de receber o estatuto de cidade em (1907), inaugura a iluminação eléctrica e, em 1911, é inaugurado o serviço telefónico urbano. Ao que parece, em 1926 ainda não existiam automóveis na Beira, no entanto, em 1934, já existiam perto de 600 automóveis, e duas companhias de transportes colectivos. A cidade da Beira, antes da independência em 1975, era a segunda maior cidade de Moçambique. — construída numa região pantanosa abaixo do nível do mar junto à foz do Rio Púnguè, com clima tropical e húmido, abafado e sufocante, que se faz sentir com maior intensidade na Beira, entre os meses de Agosto a Junho, a cidade é infestada de mosquitos, que são gerados nas águas mortas do Rio Chiveve, rio que atravessa a cidade, e nas zonas pantanosas cobertas de águas poluídas e mortas!
(…The city of Beira, one year after receiving the status of city in (1907), inaugurates electric lighting and, in 1911, the urban telephone service is inaugurated. Apparently, in 1926 there were still no cars in Beira, however, in 1934, there were already close to 600 cars, and two public transport companies. The city of Beira, before independence in 1975, was the second largest city in Mozambique. – built in a marshy region below sea level near the mouth of the Púnguè River, with a tropical and humid, muggy and suffocating climate, which is felt most intensely in Beira, between the months of August to June, the city is infested with mosquitoes, which are generated in the dead waters of the River Chiveve, a river that runs through the city, and in swampy areas covered with polluted and dead waters!)
…O Cabaré “Moulin Rouge” era um espaço de diversão nocturno muito conhecido na cidade da Beira, caraterizado pelo tradicional moinho de cor vermelha, numa alusão ao famoso cabaré que animava as noites boémias de Paris. Paragem obrigatória dos marinheiros ao chegarem à Beira, local de diversão que procuravam para satisfazerem os seus vícios mas, não eram só eles que o frequentavam, turistas sul africanos que, devido ao regime Apartheid (segregação racial) que vigorava no seu país desde 1948, onde eram obrigados a cumprir o 7º Mandamento (não tocar, neste caso, na mulher negra) que, no caso de o não respeitarem estavam sujeitos a prisão, para evitarem tais sanções, muitos optavam por fazer cruzeiros nos barcos portugueses, que faziam escala nas cidades Sul Africanas de Cape Town e Durban, indo até ao norte de Moçambique, procurando locais de diversão como o Moulin Rouge, desde Lourenço Marques a Porto Amélia, onde com facilidade encontravam quem lhes satisfizesse os desejos da sua alma! (…) também eu, ao chegar à Beira no dia 30 de abril, fiz como o turista Sul Africano mas, somente lá entrei para ver e visitar pela primeira vez um Cabaré, e beber uma cerveja “Manica”!…O aperto que sentia no coração, só de pensar que o meu destino era Mueda, superavam todos os desejos da minha Alma!..
(…The “Moulin Rouge” Cabaret was a popular nightlife spot in the city of Beira, characterized by the traditional red windmill, in an allusion to the famous cabaret that animated Paris’ bohemian nights. Mandatory stop for sailors when they arrive in Beira, a place of entertainment they sought to satisfy their addictions, but it was not only they who frequented it, South African tourists who, due to the Apartheid regime (racial segregation) that had been in force in their country since 1948, where they were obliged to comply with the 7th Commandment (do not touch, in this case, the black woman) who, if they did not respect it, were subject to imprisonment, in order to avoid such sanctions, many chose to take cruises on Portuguese boats, which called at South African cities of Cape Town and Durban, going to the north of Mozambique, looking for places of amusement like the Moulin Rouge, from Lourenço Marques to Porto Amélia, where they easily found who would satisfy their soul’s desires! (…) I, too, when I arrived in Beira on April 30, did it as a South African tourist, but only there I went to see and visit a Cabaret for the first time, and drink a “Manica” beer! … The tightness I felt in my heart, just thinking that my destiny was Mueda, surpassed all the desires of my Soul!…)
Ponte metálica sobre o Rio Chiveve. (Metal bridge over the Chiveve River.)
…depois de percorrer e, memorizar alguns locais mais emblemáticos da cidade, na companhia de um camarada que viajava comigo no “Moçambique”, também com destino ao norte, fui por ele convidado a ir a casa do seu Tio, que era Carcereiro na prisão da cidade, que amavelmente nos ofereceram um almoço de bacalhau cozido com grão e batatas, confecionado pela sua Tia. Ao fim da tarde regressamos ao barco, pois não sabíamos a que horas o “Moçambique” largava com destino a Porto Amélia!
(…After touring and memorizing some of the city’s most emblematic places, in the company of a comrade who was traveling with me in “Mozambique”, also headed north, I was invited by him to go to the house of his Uncle, who was a jailer in prison from the city, who kindly offered us a lunch of cooked cod with grain and potatoes, made by his Aunt. At the end of the afternoon we returned to the boat, as we did not know what time the “Mozambique” was leaving for Porto Amélia!)
Estado degradante em que o edifício, residência do Sr. Santos Rufino“Vila Algarve” na Polana, se encontra actualmente. (Degrading state in which the building, the residence of Mr. Santos Rufino “Vila Algarve” in Polana, is currently in).
…”Vila Algarve” – vivenda construída pelo Sr. Santos Rufino em 1934, na esquina da Av. Afonso de Albuquerque com a Rua Fernando Tomás. Santos Rufino era proprietário da papelaria a “Portuguesa” Santos Rufino Ltda., na rua Consiglieri Pedroso Nº 76 em Lourenço Marques! (…”Vila Algarve” – villa built by Mr. Santos Rufino in 1934, on the corner of Av. Afonso de Albuquerque and Rua Fernando Tomás. Santos Rufino owned the stationery “Portuguesa” Santos Rufino Ltda., at street Consiglieri Pedroso Nº 76 in Lourenço Marques)!
Fachada virada à Rua Fernando Tomás. (Facade facing Rua Fernando Tomás.
…Ainda hoje, passados 45 anos, depois de Moçambique obter a 25 de Junho de 1975 a independência, os ricos painéis em azulejos decorativos, que Santos Rufino aplicou nas fachadas principais da sua vivenda, tradicionalmente pintados a azul e branco com ornamentação em amarelo, alusivos a costumes e paisagens algarvias de onde Santos Rufino era natural, têm sobrevivido a actos de vandalismo, mantendo-se intactos até aos dias de hoje (!?).
(…Even today, 45 years later, after Mozambique gained independence on 25 June 1975, the rich decorative tile panels, which Santos Rufino applied to the main façades of his villa, traditionally painted in blue and white with yellow ornamentation, alluding to Algarve customs and landscapes, where Santos Rufino was born, have survived acts of vandalism, remaining intact until today (!?).
Escadaria de acesso ao alpendre e entrada principal da vivenda. (Staircase leading to the porch and the main entrance to the villa.
…Com o início da Guerra do Ultramar, a PIDE (Polícia Internacional e Defesa do Estado), criada em 22 de Outubro de 1945, até então virtualmente ausente dos territórios africanos, expande-se aos três teatros de Guerra (Guiné, Angola e Moçambique), onde viria a colaborar em funções de informação, com as forças militares no terreno, no entanto, a 24 de Novembro de 1969, Marcelo Caetano presidente do Governo, substitui a PIDE pela DGS (Direcção Geral de Segurança), passando a ser conhecida por PIDE/DGS, na prática nada foi alterado, os fins e as pessoas eram as mesmas, reprimir e amedrontar o Zé Povinho!
(…With the beginning of the Overseas War, PIDE (International Police and State Defense), created on October 22, 1945, hitherto virtually absent from African territories, expands to the three theaters of war (Guinea, Angola and Mozambique), where he would collaborate in information functions, with the military forces on the ground, however, on November 24, 1969, Marcelo Caetano, President of the Government, replaced PIDE by DGS (Directorate General for Security), becoming known by PIDE / DGS, since the purposes were the same, only the acronyms would be changed)!
Santos Rufino era proprietário da papelaria a “Portuguesa”, na rua Consiglieri Pedroso Nº 76 em Lourenço Marques! (Santos Rufino was the owner of the “Portuguesa” stationery store on Rua Consiglieri Pedroso Nº 76 in Lourenço Marques)!
…Nos princípios da década de 1950, a PIDE começa por pressionar fortemente o Sr. Santos Rufino, para lhe vender ou alugar o edifício “Vila Algarve”, até então sua residência, mas Santos Rufino não estava interessado. Sabe-se, no entanto, que Santos Rufino deixou de lá habitar, não se sabendo se foi por motivos pessoais ou por outro motivo. No entanto, pelo medo que a PIDE impunha, a persuasão funcionou e, Santos Rufino contra a sua vontade, vê-se assim envolvido na utilização pela PIDE da Vila Algarve, que passou a ser a Sede e o local de tortura da PIDE. Devido ao seu passado sombrio, o edifício mantém-se fechado, estando previsto, ao que parece, vir a ser o “Museu de Libertação de Moçambique”!
(…At the beginning of the 1950s, PIDE began to put heavy pressure on Mr. Santos Rufino, to sell or rent the “Vila Algarve” building, until then his residence, but Santos Rufino was not interested. It is known, however, that Santos Rufino stopped living there, not knowing whether it was for personal reasons or for another reason. However, due to the fear that PIDE imposed, persuasion worked and, Santos Rufino against his will, finds himself thus involved in the use by PIDE of Vila Algarve, which became the Headquarters and place of PIDE’s torture. Due to its dark past, the building remains closed, and it appears that it is expected to become the “Liberation Museum of Mozambique”)!
Rossio da Maiorga nos meus tempos de escola, década de 1950. (Rossio da Maiorga in my school days, 1950s).
…Teria talvez os meus sete oito anitos, quando ao fim da tarde brincava no Rossio da minha aldeia “Maiorga”, mais um grupo de colegas de escola, começando os mais velhos a atirar pedras ao telhado do Coreto da Música, que era de chapas de zinco, somente para ouvirem o barulho que as pedras faziam ao embaterem na chapa, só que, lançavam-nas com tanta força, que muitas passavam por de cima do telhado do Coreto, indo cair nos telhado das casas da família Libânio, onde vivia o Major Bossuete, feitos com telha de canudo antiga, que com facilidade se partiam, originando infiltrações às águas da chuva!
(…I would have maybe my seven eight years old, when at the end of the afternoon I played in the Rossio of my village “Maiorga”, with a group of schoolmates, with the older ones throwing stones at the roof of the Bandstand of Music, which was made of zinc plates, just to hear the noise that the stones made when they hit the plate, only, they threw them with such force, that many passed over the roof of the Bandstand, falling on the roofs of the Libânio family houses and, where Major Bossuete lived, made with old straw tile, which easily left, paving the way for rainwater infiltrations)!
…Ainda hoje, passado quase sete décadas, estou a ver o Sr. Mário Libânio, homem com idade entre os vinte trinta anos (?), que estava a passar férias em casa da família Libânio, onde vivia o Major Bossuete, seu Tio (?) a sair pela porta principal da residência, e ficar parado a presenciar a nossa brincadeira, ao que, passados uns instantes, avisa-nos para não atirar-mos com mais pedras para o telhado, porque partíamos as Telhas mas, o colega Zé do Alfredo, não quis saber do que ele disse, e continuou a atirar com pedras para o telhado. É então que o sr. Mário, Libânio, ao ver que o Zé do Alfredo não acatou o que ele disse, continuando a atirar com pedras e, ao mesmo tempo a dizer parvoíces, se dirige a ele dando-lhe uma ou duas bofetadas, pondo assim, ponto final ao arremesso de pedras para o telhado!
(…Even today, after almost seven decades, I can see Mr. Mário Libânio a man aged between twenty and thirty (?), Who was on vacation at the home of the Libânio family, where Major Bossuete, his Uncle (?) Lived, going out through the main door of the residence, and standing there watching our a joke, to which, after a few moments, he warns us not to throw more stones on the roof, because we were going to break the clay tiles, but, colleague Zé do Alfredo, did not want to know what he said, and continued to throw rocks to the roof. It is then that mr. Mário, upon seeing that Zé do Alfredo, did not follow what he said, continuing to shoot with stones and, at the same time saying silly things, addresses him by giving him a slap or two, thus putting an end to the shot stones to the roof)!
Esplanada do Restaurante Piripiri na 24 de Julho. (Esplanade of the Piripiri Restaurant on the 24th of July).
…Conforme já atrás referi, em Lourenço Marques eu vivia na Av. António Enes Nº368, perto da 4ª Esquadra, que, ficava a uns 100 metros do Restaurante “Piripiri” na 24 de Julho, local que eu visitava com frequência quando queria beber uma cerveja 2M ou Laurentina. (…) Lourenço Marques capital de Moçambique, encontra-se dentro do Hemisfério Sul, onde as estações do ano são opostas às do Hemisfério Norte, como tal, o domingo, dia 30 de Novembro de 1969, está dentro do período da Primavera (22 de Setembro a 21 de Dezembro) ou seja, o dia 30 de Novembro está somente a 21 dias do início do Verão austral (21 de Dezembro a 20 de Março) onde em Lourenço Marques já se começam a sentir as temperaturas quentes do Verão, daí, eu seguir os costumes dos Laurentinos, ao fim da tarde procurar uma cervejaria com esplanada, para tomar umas cervejas 2M ou Laurentina, que se faziam acompanhar sempre, de uns pires de deliciosas iguarias (ameijoas, miúdos de frango, dobrada, etc.), quando reparo num homem que caminhava no sentido da esplanada do Piripiri, onde eu me encontrava sentado, ao vê-lo reconheci-o! Era o Sr. Mário Libânio, o sobrinho do Major Bossuete, o homem que há quinze anos atrás, eu tinha presenciado dar uma ou duas bofetadas ao Zé do Alfredo, o que atirava com pedras para o telhado do Coreto da Música. Levantei-me e fui ao seu encontro, pedindo desculpa perguntei-lhe, o senhor não é de Alcobaça? ele respondeu que sim, que era! Como pretendia uma resposta mais específica, volto a perguntar, é da Maiorga? Ele responde que sim! e pergunta quem era o meu pai, digo-lhe quem era, e ele diz, dá cá um abraço, o teu pai andou comigo na escola!
(…As I mentioned earlier, in Lourenço Marques I lived at Av. António Enes Nº368, near the 4th Police Station, which was about 100 meters from the “Piripiri” Restaurant on the 24th of July, a place I visited frequently when I wanted to drink a 2M beer or Laurentina. (…) Lourenço Marques, capital of Mozambique, is located within the Southern Hemisphere, where the seasons are opposite to those in the Northern Hemisphere, as such, Sunday, November 30, 1969, is within the Spring period (22 September to 21 December), that is, the 30th of November is only 21 days before the beginning of the southern summer (21 of December to the 20 of March) where in Lourenço Marques the warm summer temperatures are already beginning to feel, , I follow the customs of the Laurentines, in the late afternoon look for a beer garden with a terrace, to have 2M or Laurentina beers, always accompanied by saucers of delicious delicacies (clams, chicken giblets, folded, etc.), when I notice one man walking towards the Piripiri esplanade, where I was sitting, when I saw him I recognized him! It was Mr. Mário Libânio, Major Bossuete’s nephew, the man who, fifteen years ago, I had witnessed giving Zé do Alfredo a slap or two, which he threw with stones at the roof of the Bandstand of Music. I got up and went to meet him, apologizing and asked him if he wasn’t from Alcobaça, he said yes! How did you want a more specific answer, I ask again, from Maiorga? He says yes! and ask who my father was, I tell him who he was, and he says, give me a hug, your father was with me at school)!
Restaurante/Marisqueira “Piripiri”, localizado no gaveto da Avenida 24 de Julho com a Avenida António Enes na Polana, onde se observa a Esplanada virada à Av. 24 de Julho. (Restaurant / Seafood “Piripiri”, located in the corner of Avenue 24 de Julho with Avenue António Enes in Polana, where you can see the Terrace facing Av. 24 de Julho).
…Confirmou-me assim, o que na minha aldeia já tinha ouvido dizer sobre a sua ligação à PIDE, infelizmente, o meu pai que nasceu em 1926, ainda antes da formação do Estado Novo (1933), nunca frequentou a escola que, no papel dizia-se ser obrigatória, mas, na pratica NÂO! as carências na família eram tantas, que obrigava a começar logo de novo a trabalhar, procurando angariar alguns tostões para o sustento da casa! O trabalho estava acima da Escola! Naqueles tempos o analfabetismo em Portugal rondava os 80% +- onde se incluía o meu pai. No meio da conversa, ele pergunta onde é que eu estava a prestar serviço, e qual era a minha especialidade, depois de lhe responder, ele diz-me que umas semanas atrás nós tínhamos feito um trabalho de localização para eles, lá prós lados da Machava, trabalho onde eu também tinha colaboradocomo operador de localização (aqui acabou por me confirmar a sua relação à PIDE). Deu-me os seus contactos telefónicos, para eu entrar em contacto com ele no caso de precisar de alguma coisa, e diz, manda cumprimentos meus ao teu pai quando lhe escreveres. A partir desse dia criou-se um pouco de amizade (?) e, uma vez por outra, para lhe transmitir os cumprimentos que o meu pai lhe retribuía, eu ligava para um dos seis telefones da Vila Algarve, e pedia à operadora para falar com o Sr. Chefe Mário Libânio, que sempre se disponibilizou para falar comigo, no entanto, foram muito poucas as ocasiões que contactamos pessoalmente!
(…It confirmed to me like this, what in my village I had already heard about his connection to PIDE, unfortunately, my father who was born in 1926, even before the formation of the Estado Novo (1933), never attended the school that , on paper it was said to be mandatory, but in practice NO! there were so many needs in the family, that I had to start working again, trying to raise some pennies to support the house! The work was above the School! In those times, illiteracy in Portugal was around 80% + – which included my father. In the middle of the conversation, he asks where I was doing service, and what my specialty was, after answering him, he tells me that a few weeks ago we had done a localization job for them, there on the sides of the Machava, work where I had also collaborated as a localization operator (here I ended up confirming his relationship with PIDE). He gave me his telephone contacts, so I can get in touch with him in case I need anything, and say, send my regards to your father when you write to him. From that day on, a little friendship was created (?) And, once in a while, to convey the compliments that my father returned to him, I would call one of the six phones in Vila Algarve, and ask the operator to speak with Mr. Chief Mário Libânio, who was always available to speak with me, however, there were very few occasions that we contacted personally)!
A “Vila Algarve”, ao fim de 46 anos, ainda continua à espera de saber qual vai ser o seu futuro, dizem que vai ser o “Museu da Resistência”!? O tempo dirá. (The “Vila Algarve”, after 46 years, still waiting to know what its future will be, they say it will be the “Museum of Resistance” !? Time will tell)!
…Em Lourenço Marques, eu aguardava pela chegada do Navio “Moçambique”, para me levar até Porto Amélia . Entretanto estou com o Sr. Chefe Mário Libânio, e digo-lhe que ia ser transferido para Mueda! Ele olhou para mim e, a primeira coisa que me perguntou foi se eu queria ir para Mueda, nestes termos! “mas tu queres mesmo ir para Mueda?” e eu argumentava isto e mais aquilo sem saber ao certo o que responder, e ele voltava de novo a fazer-me a mesma pergunta, “mas tu queres mesmo ir para Mueda?” fez-me a mesma pergunta uma série de vezes, como estava a ficar confuso com o que ele me perguntava e, (talvez algum receio pela oferta), acabei por lhe dizer que sim, que queria ir até Mueda, que queria ir ver o que era o norte de Moçambique! a partir daí não voltou mais a perguntar “mas tu queres mesmo ir para Mueda?”, somente me disse! Está bem, então vai! se tiveres algum problema ou precisares de alguma coisa por lá, vais ter com o nosso Agente Barbosa que está em Mueda, e dizes-lhe que nos conhecemos, que eu te disse para ele entrar em contacto comigo! Conheci o Agente Barbosa juntamente com o chefe da Administração de Mueda, com quem me cruzei várias vezes junto ao edifício da administração local, onde ele tinha o seu gabinete, mas nunca falei com ele, depois de ouvir, (nunca vi) somente ouvi, no exterior do gabinete, como ele interrogava os combatentes da FRELIMO capturados no mato, pensei para comigo, espero nunca vir a precisar dos teus favores…!
(…In Lourenço Marques, I was waiting for the arrival of the ship “Mozambique”, to start the trip to Porto Amélia and, meanwhile, I am with Mr. Chief Mário Libânio, and I tell him that I was going to be transferred to Mueda! He looked at me and the first thing he asked me was if I wanted to go to Mueda, in these terms! “But do you really want to go to Mueda?” and I argued this and that without really knowing what to answer, and he again asked me the same question, “but do you really want to go to Mueda?” he asked me the same question a number of times, as he was getting confused by what he was asking me, and (maybe some fear about the offer), I ended up telling him that yes, that I wanted to go to Mueda, that I wanted to go to see that was the north of Mozambique! from then on he didn’t ask again “but do you really want to go to Mueda?” just told me! Okay, then go! if you have a problem or need something, you will go to our Agent Barbosa who is in Mueda, and tell him that we met, that I told him to contact me! I met Agent Barbosa together with the head of the Mueda Administration, with whom I met several times near the local administration building, where he had his office, but I never spoke to him, after hearing (I never saw) I only heard from abroad from the office, as he interrogated FRELIMO fighters captured in the woods, I thought to myself, I hope I will never need your favors)!…
Vila Algarve abandonada! Tem havido muita construção alta nesta zona da Polana. (Abandoned Algarve village! There has been a lot of high construction in this area of Polana).
…As coisas até me podiam ter corrido de outra maneira, mas, para isso eu tinha de ter mais experiência de vida, menos medo e aceitar a oferta do Chefe Mário Libânio, quando me perguntou, “mas tu queres ir mesmo para Mueda? A PIDE tinha muita força, estava acima de tudo e de todos, se eu respondo que não, que preferia ficar por Lourenço Marques, eu tinha ficado! (Things could even have gone differently for me, but for that I had to have more experience of life, less fear and, take advantage of the offer of Chief Mário Libânio, when he asked me, “but do you really want to go to Mueda? PIDE had a lot of strength, it was above everything and everyone, if I answer that I didn’t want to go to Mueda, that I preferred to stay in Lourenço Marques, I would have stayed)!
P.S. Os nomes (Chefe Mário Libânio, Agente Barbosa e Zé do Alfredo) são fictícios, por respeito entendo que não devo mencionar os seus verdadeiros nomes! (The names (Chef Mário Libânio, Agente Barbosa and Zé do Alfredo) are fictitious, out of respect I understand that I must not mention their real names)!
…Não vou inventar mais histórias à volta do “Dia da Liberdade”, pretendo simplesmente contar aos mais novos e, simultaneamente relembrar os mais velhos, alguns dos acontecimentos históricos vividos em Portugal, depois da queda da Monarquia em 5 de Outubro de 1910, até à “Queda do Império” às 17H00 do dia 25 de Abril de 1974!
(…I will not invent more stories around the “Freedom Day”, I simply intend to tell the youngest and, simultaneously remember the older ones, some of the historical events experienced in Portugal, after the fall of the Monarchy on October 5, 1910 , until the “Fall of the Empire” at 17:00 on April 25, 1974!)
…Este ano, no dia 25 de Abril de 2021 “Dia da liberdade”, Portugal celebrou o 47º aniversário da que ficou conhecida também por “Revolução dos Cravos”, dia em que o Cravo Vermelho era oferecido por populares aos soldados, que os colocavam nos canos das espingardas, e assim, o Cravo Vermelho tornou-se no símbolo da revolução do 25 de Abril, que pôs fim a 48 anos (1926-1974) de ditadura em Portugal!
(…This year, on April 25, 2021 “Freedom Day”, Portugal celebrated the 47th anniversary of what was also known as the “Carnation Revolution”, the day on which the Red Carnation was offered by soldiers to the popular, who put in the barrels of shotguns, and thus, the Red Carnation became the symbol of the revolution of the 25th of April, which ended 48 years (1926-1974) of dictatorship in Portugal)!
…Portugal, desde a sua primeira independência internamente, em 26 de Julho de 1139, (porque houve mais duas, a do Tratado de Zamora em 5 de Outubro de 1143, e depois, a do reconhecimento do Papa em 1179), Portugal foi uma Monarquia que durou 771 anos que, só foi destronada pela Revolução Republicana de 5 de Outubro de 1910, que viria a implantar a Republica em Portugal. (…) Durante os 16 anos que a precederam, entre a revolução republicana de 5 de Outubro de 1910, até ao golpe de estado de 28 de Maio de 1926, Portugal teve dez Presidentes da República e 45 governos, foram 16 anos de lutas e conflitos partidários, que em nada ajudaram o povo, que continuou a viver na miséria!
(…Portugal, since its first independence internally, on July 26, 1139, (because there were two more, from the Treaty of Zamora on October 5, 1143, and then that of the Pope’s recognition in 1179), Portugal was a Monarchy that it lasted 771 years, which was only dethroned by the Republican Revolution of October 5, 1910, which would implant the Republic in Portugal. (…) During the 16 years that preceded it, between the republican revolution of October 5, 1910, until the coup d’état of May 28, 1926, Portugal had ten Presidents of the Republic and 45 governments, 16 years of struggles and party conflicts, which in no way helped the people, who continued to live in misery)!
…Depois em 1917, deu-se o desastroso envio de (carne para canhões) do Corpo Expedicionário Português para Flandres na França, para participar no primeiro conflito mundial ao lado dos aliados, que ficou conhecido por Primeira Guerra Mundial, cujos resultados para o corpo expedicionário português viria a ser um desastre. Tudo se foi agravando e acumulando, acabando por culminar no golpe de estado de 28 de maio de 1926, que viria a dar origem a uma Ditadura Militar, mais tarde Ditadura Nacional, seguida do Estado Novo com a aprovação da Constituição de 1933, onde Portugal viria a viver uma das ditaduras mais douradoras da história da humanidade. Seis anos depois do golpe de estado de 1926, o pais ganhou um primeiro ministro das finança “António de Oliveira Salazar”, que instalou o regime de ditadura, que só abandonaria 36 anos depois. Foram 48 anos interruptos de ditadura (1926-1974), que só tiveram fim com a Revolução do 25 de Abril de 1974. A partir deste dia não preciso de dizer mais nada, todos (?) sabemos e sentimos no corpo, uns mais do que outros, o que foram esses anos!
(…Then in 1917, the disastrous sending of (meat for cannons) from the Portuguese Expeditionary Corps to Flanders in France took place, to participate in the first world conflict alongside the allies, which became known as the First World War, whose results for the Portuguese expeditionary corps would turn out to be a disaster. Everything worsened and accumulated, culminating in the coup d’état of May 28, 1926, which would give rise to a Military Dictatorship, later National Dictatorship, followed by the Estado Novo with the approval of the 1933 Constitution, where Portugal would come to live one of the most golden dictatorships in the history of mankind. Six years after the 1926 coup d’état, the country won a prime minister of finance “António de Oliveira Salazar”, who installed the dictatorship regime, which he would only abandon 36 years later. There were 48 interrupted years of dictatorship (1926-1974), which only ended with the Revolution of April 25, 1974. From this day on I don’t need to say anything else, we all (?) Know and feel in the body, some more than than others, what were those years!
…Ao fim de 14 anos de conflitos armados nas colónias, Portugal estava à beira de uma derrota geral e, nem os Generais nem o poder político, arranjavam soluções para pôr fim ao conflito, chegando-se à conclusão de que só havia uma solução política, solução que não era partilhada por Lisboa, Salazar dizia que não aceitava uma solução política, somente uma derrota militar. Teve de ser um grupo de jovens oficiais a fazer um golpe militar “Revolução do 25 de Abril de 1974” para derrubar o regime de ditadura que já durava há 48 anos (1926-1974)!
(…After 14 years of armed conflicts in the colonies, Portugal was on the verge of a general defeat and, neither the Generals nor the political power, found solutions to end the conflict, reaching the conclusion that there was only one political solution , a solution that was not shared by Lisbon, Salazar said that he did not accept a political solution, only a military defeat. It had to be a group of young officers carrying out a military coup “Revolution of April 25, 1974” to overthrow the dictatorship that had lasted for 48 years (1926-1974)!)
“Palavras com História…” Na madrugada do dia 24 para 25 de Abril, pelo Capitão Salgueiro Maia proferiu as seguintes palavras aos seus homens: «Há diversas modalidades de estados: os estados socialistas, os estados corporativos e o estado a que isto chegou! Ora, nesta noite solene, vamos acabar com o estado a que chegámos! De maneira que quem quiser, vem comigo para Lisboa e acabamos com isto! Quem é voluntário sai e forma. Quem não quiser vir não é obrigado e fica aqui». Os 240 homens que escutaram as palavras proferidas de forma firme por Salgueiro Maia, rapidamente formaram à sua frente: «a adesão do meu pessoal (…) foi tal, ao ponto de ter de excluir gente, para ficar alguém nas instalações».
(“Words with History…” In the early morning of the 24th to the 25th of April, Captain Salgueiro Maia spoke the following words to his men: “There are different types of states: socialist states, the corporate states and the state this has reached! Now, on this solemn night, we are going to end the state we have reached! So whoever wants, come with me to Lisbon and we are done with it! Whoever volunteers goes out and forms. Anyone who does not want to come is not obliged and stays here ». The 240 men who listened to Salgueiro Maia’s words firmly, quickly formed in front of him: “the adhesion of my staff (…) was such, to the point of having to exclude people, to stay someone on the premises”.)
…Na noite do dia 24 de abril de há 47 anos atrás, os Capitães de abril, aguardavam pelo primeiro sinal que seria dado pela rádio ao ouvirem a canção “E Depois do Adeus” de Paulo de Carvalho, para que as tropas ficassem a postos. (…) Mais tarde, quando já passava da meia-noite do dia 25 de abril, foi dado o segundo sinal, também através da rádio, com a canção “Grândola Vila Morena” de Zeca Afonso, dando a confirmação para avançarem sobre Lisboa!
(…On the night of April 24, 47 years ago, the Captains of April, waited for the first signal that would be given by the radio when they heard the song “E Além do Adeus” by Paulo de Carvalho, so that the troops would be ready . (…) Later, when it was past midnight on April 25th, the second signal was given, also over the radio, with the song “Grândola Vila Morena” by Zeca Afonso, giving the confirmation to advance over Lisbon!)
…Sabia-se que o prof. Marcelo Caetano se encontrava no quartel da G.N.R. no Largo do Carmo, local onde Marcelo Caetano e alguns ministros se renderam incondicionalmente. O dr. Nuno Távora, chefe do gabinete do dr. Pedro Pinto, pede para falar com o comandante das tropas do cerco, capitão Salgueiro Maia, dizendo ser portador de uma mensagem para Marcello Caetano, insinuando uma plataforma de entendimento. São autorizados a entrar, saindo às 16 e 21, com uma mensagem para o General António de Spínola, dirigindo-se logo em seguida a casa do general, que os recebeu vestido à paisana. Às 17 horas e 2 minutos saem e, interrogados pelo repórter que os acompanhou, contaram: «Fomos portadores de uma mensagem do prof. Marcello Caetano para o sr. general António de Spínola. O prof. Marcello Caetano deu as garantias ao sr. general de que o Governo da sua chefia se lhe entregava. O Presidente do Conselho entrega-lhe o comando das tropas, para que o Poder não caia na rua. Entretanto o prof. Marcello Caetano deu as garantias ao sr. general Spínola, que lhe entregava o Governo da sua chefia! O General Spínola em resposta, disse-lhe que, como não comandava nenhum golpe de Estado, teria de entrar em contacto com os chefes do Movimento das Forças Armadas para lhes perguntar se eles o mandatavam a fim de tomar conta da situação.»
(…It was known that prof. Marcelo Caetano was in the barracks of G.N.R. at Largo do Carmo, where Marcelo Caetano and some ministers surrendered unconditionally. The Doctor. Nuno Távora, head of dr. Pedro Pinto, asks to speak to the commander of the siege troops, Captain Salgueiro Maia, saying that he has a message for Marcello Caetano, implying a platform of understanding. They are allowed to enter, leaving at 4 pm and 9 pm, with a message for General António de Spínola, going straight to the general’s house, who received them in civilian clothes. At 17 hours and 2 minutes they leave and, when questioned by the reporter who accompanied them, said: «We were the bearers of a message from Prof. Marcello Caetano for mr. general António de Spínola. Prof. Marcello Caetano gave the guarantees to mr. general that the government of his leadership gave himself to him. The President of the Council gives him the command of the troops, so that the Power does not fall on the street. However, prof. Marcello Caetano gave the guarantees to mr. General Spínola, who gave him the Government under his leadership! General Spínola, in response, told him that, as he did not command any coup d’etat, he would have to contact the heads of the Armed Forces Movement to ask them if they mandated him to take care of the situation ».)
Junta de Salvação Nacional
…A Revolução do 25 de Abril, acontecimento que a maioria do povo português há muito ansiava, mas que, não esperava que a queda da Ditadura e do Império português, viesse a acontecer nos moldes daquela que viria a ficar na história, conhecida por Revolução dos Cravos, flor da Primavera, que se tornou no símbolo da revolução do 25 de Abril, que pôs fim a 48 anos (1926-1974) de ditadura, fazendo ao mesmo tempo, cair o “Império Português”. (…) Logo a seguir ao 25 de Abril, gerou-se uma confusão entre o povo, acabando por se criar um tipo de governo interino, para gerir a situação que se começava a descontrolar em todos os sectores da vida portuguesa. Sendo então criada a “Junta de Salvação Nacional”, formada somente por homens ligados aos três ramos das forças armadas portuguesas, eram eles, começar da esquerda para a direita: Capitão-de-Fragata – António Alves Rosa Coutinho (Marinha), Capitão-de-Mar-e-Guerra – José Baptista Pinheiro de Azevedo (Marinha), General – Francisco Costa Gomes (Exército), General – António Sebastião de Spínola (Exército), General – Manuel Diogo Neto (Força Aérea, ausente em Moçambique), Brigadeiro – Jaime Silvério Marques do Exército e, Coronel – Carlos Galvão de Melo (Força Aérea).
(…The April 25th Revolution, an event that the majority of the Portuguese people longed for, but that, did not expect the fall of the Dictatorship and the Portuguese Empire, to happen along the lines of what would become in history, known as the Revolution dos Cravos, spring flower, which became the symbol of the revolution of the 25th of April, which ended 48 years (1926-1974) of dictatorship, causing at the same time, to fall the “Portuguese Empire”. (…) Right after the 25th of April, there was confusion among the people, eventually creating a type of interim government, to manage the situation that was beginning to run out of control in all sectors of Portuguese life. Then the “Junta de Salvação Nacional” was created, formed only by men linked to the three branches of the Portuguese armed forces, they were, starting from left to right: Captain-of-Frigate – António Alves Rosa Coutinho (Navy), Captain- de-Mar-e-Guerra – José Baptista Pinheiro de Azevedo (Navy), General – Francisco Costa Gomes (Army), General – António Sebastião de Spínola (Army), General – Manuel Diogo Neto (Air Force), Colonel – Carlos Galvão de Neto (Air Force)!
Esta foi a maneira que escolhi para dizer obrigado aos Capitães e todos os demais que estiveram envolvidos na Revolução do 25 de Abril de há 47 anos, que fez cair a Ditadura que já durava há 48 anos e, em simultâneo, o “Império Português”. (This was the way I chose to say thank you to the Captains and everyone else who was involved in the April 25 Revolution of 47 years ago, which brought down the Dictatorship that had lasted for 48 years and, at the same time, the “Portuguese Empire”).
…Foram 447 dias, contabilizados no período entre 25 de janeiro de 1969, dia em que o navio “NIASSA” me largou no Cais do Gorjão em Lourenço Marques, a 27 de Abril de 1970, dia em que a bordo do paquete “Moçambique”, deixo Lourenço Marques com destino ao norte de Moçambique, onde acabaria por cumprir o resto da comissão no “Planalto dos Macondes-Mueda”, na província de Cabo Delgado!
(…There were 447 days, counted in the period between January 25, 1969, the day that the ship “NIASSA” dropped me at Cais do Gorjão in Lourenço Marques, on April 27, 1970, the day that on board the “ Mozambique ”, I leave Lourenço Marques bound for northern Mozambique, where he would end up fulfilling the rest of the commission in the” Planalto dos Macondes-Mueda “, in the province of Cabo Delgado)!
…Na segunda-feira dia 16 de Março de 1970, depois do meu regresso das férias que fui tirar junto da família na terra que me viu nascer (Maiorga), fui-me apresentar ao Capitão Dinis de Almeida, onde vim a saber oficialmente da minha transferência para a equipa destacada em Cabo Delgado-Mueda, ficando a aguardar pela chegada do navio “Moçambique”, que me levaria até Porto Amélia!
(…On Monday, March 16, 1970, after my return from the vacation that I took with my family in the land that saw me being born (Maiorga), I went to introduce myself to Captain Dinis de Almeida, where I came to know officially and , already in progress, of my transfer to the team deployed in Cabo Delgado-Mueda, waiting for the arrival of the ship “Mozambique”, which would take me to Porto Amélia)!
…No dia 25 ou 26 de Abril, chega a Lourenço Marques o Paquete “Moçambique”, por quem eu aguardava para me levar até Porto Amélia. Fui então chamado à companhia (CCS) na Ponta Vermelha onde estava adido, para receber os documentos necessários para a viagem, e outros que tinha de apresentar ao chegar ao BC15 em Mueda, sendo informado de que tinha de estar às 20H30 do dia 27 no Cais do Gorjão, para embarcar no “Moçambique”. (…) Ao entrar no barco, não tive ninguém a quem me dirigir para perguntar onde ia dormir. Dirigi-me então a um oficial do navio que, depois de verificar os registos me diz! Desculpa, mas o teu nome não consta na minha lista, como tal, não tenho cama para te dar, tens de te orientar pelo convés do navio! acabei por arranjar um canto onde pernoitei (?) aquela noite de 27 para 28. O Moçambique somente zarpou do Cais do Gorjão na manhã do dia seguinte!
(…On the 25th or 26th of April, the Paquete “Moçambique” arrives in Lourenço Marques, for whom I was waiting to take me to Porto Amélia. I was then called to the company (CCS) at Ponta Vermelha where I was attaché, to receive the necessary documents for the trip, and others that I had to present when arriving at BC15 in Mueda, being informed that I had to be at 20:30 on the 27th at Cais do Gorjão, to embark on “Mozambique”. (…) When I got on the boat, I had no one to turn to to ask where I was going to sleep. I then went to a ship’s officer who, after checking the records, tells me! Sorry, but your name is not on my list, so I don’t have a bed to give you, you have to orient yourself on the ship’s deck! I ended up finding a corner where I stayed overnight (?) that night from 27 to 28. Mozambique only set sail from Cais do Gorjão, the next morning)!
…Felizmente só passei uma noite ou umas horas, ao Luar contemplando as estrelas, porque o meu “Anjo da Guarda” passou a cuidar de mim depois de eu dizer adeus a Lourenço Marques! No dia seguinte, depois do embarque, dia 28 de Abril, andava eu de um lado para o outro a familiarizar-me com o navio, quando vejo o João Jerónimo, (vulgo) João Russo do Valado dos Frades que, embora não tivéssemos confiança um com o outro, eu conhecia-o bem das noites dançantes, onde muitas as vezes via o João Russo a exibir-se com o seu Sax-Tenor, nos conjuntos conjuntos musicais da época. Dirijo-me a ele, peço desculpa e apresento-me, acontece que o João Russo também me reconheceu, como já tinha estado em casa dos seus pais com uns amigos e o irmão dele, tinha ele regressado de uma digressão com o conjunto do qual na altura fazia parte e, mais tarde, na sua própria casa também no Valado dos Frades, onde por sinal até estavam a ensaiar um conjunto que o João estava a formar, ajudaram a que o João Russo se lembrasse de mim!
(…Fortunately, I only spent a night or a few hours, at Moonlight contemplating the stars, because my “Guardian Angel” started to take care of me after I said goodbye to Lourenço Marques! The next day, after boarding, April 28, I was pacing up and down to familiarize myself with the ship, when I see João Jerónimo, (aka) João Russo from Valado dos Frades who, although we had no confidence with each other, I knew him well from the dancing nights, where he often saw João Russo show off with his Tenor-Saxophone, in the musical ensembles of the time. I address him, I apologize and introduce myself, it turns out that João Russo also recognized me, as he had already been at his parents’ house with some friends and his brother, he had returned from a tour with the group from which at the time he was part of it and, later, in his own home also in Valado dos Frades, where by the way they were even rehearsing a set that João was forming, they helped João Russo to remember me)!
Adeus Lourenço Marques
…O João Jerónimo, Vulgo João Russo (o vulgo russo foi-lhe atribuído porque tinha o cabelo de cor arruçada), fazia parte da orquestra do “Moçambique”. No meio da conversa, o João Russo pergunta-me qual era o meu camarote? Respondi que era muito grande, era o convés do navio! Ele olhou-me e diz! Tu lembraste do Mascarenhas, o Viola Baixo do conjunto 5 Napolitanos da Nazaré? Então não lembro, eles foram tantas vezes fazer bailes à Maiorga…até recordo de um dia depois de terminado o baile, fomos para a adega do Pedro Heitor beber água-pé nova e, pergunta o Mascarenhas, é pá não há por aí nada para petiscar? E eu fui à minha casa ver o que por lá havia, encontro uma saca com carapaus secos, pego neles e levo-os. Fizeram uma festa aos carapaus, só que como não tínhamos onde os assar, o Mascarenhas lembrou-se de começar a assá-los com o isqueiro!
(…João Jerónimo, Vulgo João Russo (the Russian name was attributed to him because he had ruffled hair), was part of the “Mozambique” orchestra. In the middle of the conversation, João Russo asks me what my box was? I replied that it was too big, it was the deck of the ship! He looked at me and says! Did you remember Mascarenhas, the Bass Guitar of the 5 Neapolitans from Nazaré? So I don’t remember, they went to dances to Maiorga so many times… I even remember the day after the ball ended, we went to Pedro Heitor cellar to drink new foot-water and, asks Mascarenhas, there is nothing out there for to snack? And I went to my house to see what was there, find a bag with dried horse mackerels, pick them up and take them. They had a party for the horse mackerels, but we had nowhere to bake them, Mascarenhas remembered to start roasting them with his lighter)!
Orquestra do Paquete “Moçambique”, Maio de 1970. (Paquete Orchestra “Mozambique”, May 1970)
A orquestra a actuar no salão da 1ª Classe, onde levado por eles passava os serões, avisado para me manter sentado, porque ia lá estar o comandante do navio. (The orchestra performing in the 1st Class hall, where they took them through the evenings, advised to keep me seated, because the ship’s commander was going to be there).
…O João depois de ouvir a cena dos carapaus, diz-me! Pronto já estás safo, os Carapaus Secos vão-te agora fazer efeito, é que o Mascarenhas é o nosso chefe de Orquestra e, como temos no nosso camarote uma cama vaga, eu vou falar com ele e com os outros membros da orquestra, pedir autorização para tu começares lá a dormir. (…) Levou-me então à presença do Mascarenhas e dos outros dois, o João Russo apresentou-me e, apresentou a situação em que eu ia no Barco, todos acordaram dando autorização para eu ir dormir na cama que o camarote deles tinha vaga. A partir desse momento até chegar ao meu destino, foi como se eu fosse num Cruze, ia com eles para as actuações no salão da 2ª e 1ª classes, á meia-noite, depois de terminarem a atuação no Salão da 1ª classe, eles tinham direito a ir à cozinha do Navio comer qualquer coisa, a que chamavam “Sopa do Fogo”, uma refeição que a cozinha servia a quem trabalhava durante a noite, como a orquestra terminava a actuação sempre depois das 24H00, tinham também direito à Sopa do Fogo, refeição que eu, indo com eles aproveitava!
(…João after hearing the horse-mackerel scene, tell me! You are done, the Dry horse-mackerel are going to have an effect on you now, because Mascarenhas is our head of the Orchestra and, as we have a vacant bed in our box, I will speak to him and the other members of the orchestra, authorization for you to start sleeping there. (…) He then took me to the presence of Mascarenhas and the other two, João Russo introduced me and presented the situation in which I was going on the boat, everyone woke up giving me permission to go to sleep in the bed that their cabin had a vacancy for. . From that moment until I reached my destination, it was as if I were in a Cruise, I went with them to the performances in the 2nd and 1st class hall, at midnight, after finishing the performance in the 1st class hall, they had right to go to the kitchen ship to eat anything, which they called “Fire soup”, a meal that the kitchen served to those who worked during the night, as the orchestra always ended the performance after 24H00, they were also entitled to the Fire, meal that I enjoyed going with theirs)!
O drama das mulheres em Cabo Delgado! Sexo por alimentos… (The drama of women in Cabo Delgado! Sex for food…)
…Denuncias feitas pelo Centro de Integridade Pública (CIP), ONG Moçambicana, “Sexo por alimentos”! o drama das mulheres em Cabo Delgado! Estão a ser registados alegados abusos sexuais de mulheres deslocadas em Cabo Delgado, em troca de ajuda humanitária, segundo disse o investigador Borges Nhamire que refere por outro lado, que organizações governamentais e agências das “Nações Unidas”, têm feito do assunto um “tabu” em vez de o denunciarem. (…) E assim se vai vivendo na província de Cabo Delgado em Moçambique, onde privado da família, fui obrigado a roubar 1228 dias aos verdes anos da minha vida, para, às ordens de sua Ex.ª, ajudar a defender uma parcela do Império Português e, simultaneamente, contribuir para a segurança e bem-estar de alguns (!?)!
(…Complaints made by the Center for Public Integrity (CIP), Mozambican NGO, “Sex for food”! the drama of women in Cabo Delgado! Alleged sexual abuse of displaced women in Cabo Delgado is being reported in exchange for humanitarian aid, according to investigator Borges Nhamire, who said on the other hand that government organizations and agencies of the “United Nations” have made the issue a ” taboo ”instead of denouncing it. (…) And so one goes on living in the province of Cabo Delgado in Mozambique, where deprived of the family, I was forced to steal 1228 days to the green years of my life, to the orders of his Ex, to help defend a part of the Portuguese Empire and, simultaneously contribute to the safety and well-being of some (!?)!
…Quem diria que, depois de me oferecerem 30 dias de férias na minha aldeia, me iriam oferecer um Cruze com a duração de sete dias, a bordo do Paquete Moçambique, de Lourenço Marques a Porto Amélia, com escala na cidade da Beira e Ilha de Moçambique?!(…Who would have thought that, after being offered 30 days of vacation in my village, they would offer me a Cruise lasting seven days, on board Paquete Moçambique, from Lourenço Marques to Porto Amélia, with a stopover in the city of Beira and Island of Mozambique)?!
…O mundo pula e avança, mas as coisas que vivi em África, ficaram para sempre guardadas no meu baú das memórias!(…The world jumps and moves forward, but the things I lived in Africa, were kept forever in my chest of memories)!
…Assisti ao filme North americano “Os Boinas Verdes” pela primeira vez no Cinema SCALA, sala de espetáculos localizada na esquina da Av. Da República com a Dom Luís em Lourenço Marques, com bilhete e transporte oferecidos pelo Exército português! “Os Boinas Verdes”(The Green Berets),Forças Especiais do Exército dos Estados Unidos, foi um filme feito por John Wayne sobre a Guerra do Vietnam, lançado a 4 de Julho de 1968, que teve como directores o próprio John Wayne e Ray Kellogg, em que John Wayne fazia o papel de Coronel Mike Kirby. O filme foi um fracasso critico, mas teve sucesso financeiro! O filme “Os Boinas Verdes”(The Green Berets) feito por John Wayne, foi um filme de propaganda à politica anticomunista americana, querendo mostrar ao Mundo, que eles eram os bons, e os Vietcongs eram os maus, os Selvagens, daí, o filme ter sido um fracasso critico, porque nem todos comungavam com os ideais de John Wayne!.
(…I watched the North American film “Os Boinas Verdes” for the first time at Cinema SCALA, a theater located on the corner of Av. Da República and Dom Luís in Lourenço Marques, with ticket and transport offered by the Portuguese Army! The Green Berets, Special Forces of the United States Army, was a film made by John Wayne about the Vietnam War, released on July 4, 1968, which was directed by John Wayne and Ray himself Kellogg, in which John Wayne played Colonel Mike Kirby. The film was a critical failure, but it was financially successful! The film “The Green Berets” made by John Wayne, was a film of propaganda to the American anti-communist politics, wanting to show the World, that they were the good ones, and the Vietcongs were the bad ones, the Savages the film was a critical failure, because not everyone shared John Wayne’s ideals)!.
…”The Green Berets” eram considerados como a força de combate mais valente à face da Terra! eram forças especiais de elite escolhidas e treinadas para a guerra antiguerrilha do Vietnam. (…) Assistir a este filme, era como se estivéssemos a ter uma instrução de combate, daí, o exército nos oferecer bilhete e transporte para irmos vê-lo ao Cinema Scala!(…”The Green Berets” were considered the most valiant combat force on Earth! they were elite special forces chosen and trained for Vietnam’s anti-guerilla war. (…) Watching this film, it was as if we were having a combat instruction, so the army would offer us a ticket and transport to go and see him at Cinema Scala)!
Cinema Scala em Lourenço Marques – Moçambique, celebrou em Janeiro deste ano de 2021, noventa (90) anos.(Scala Cinema in Lourenço Marques – Mozambique, celebrated in January this year 2021, ninety (90) years.
…Emblemática sala de espetáculos “Cinema Scala”, situada na esquina da Avenida da República com a Avenida Dom Luís na cidade de Lourenço Marques-Moçambique, propriedade da “Transval Delagoa Bay Investiment Company”, inaugurada no dia 13 de Junho de 1931, com capacidade para 1.300 lugares, foi na altura da sua inauguração, considerada a sala de cinema mais moderna de toda a África!
(…Emblematic showroom “Cinema Scala”, located on the corner of Avenida da República and Avenida Dom Luís in the city of Lourenço Marques-Mozambique, owned by the “Transval Delagoa Bay Investiment Company”, inaugurated on June 13, 1931, with capacity for 1,300 seats, was at the time of its inauguration, considered the most modern cinema in all of Africa)!
Avenida da República em Lourenço Marques na década de 1940. (Avenida da República in Lourenço Marques in the 1940s).
…Esta foto que selecionei para inserir neste artigo dos “The Green Berets”, fez-me recuar no tempo de quando estive na Cidade do Cabo na África do Sul, pais onde era praticado o “apartheid”, em que as pessoas eram selecionadas pela cor da pele, onde vi placas com dizeres “No Black” outras diziam “White Persons Only” “Blanke Gebied” (Holandês) e muitas outras! No entanto, eu que também estive em Moçambique, nunca por lá vi nada disso! Nós os portugueses, não seguíamos a doutrina do “apartheid”! Só que nesta foto, onde se vêm os espectadores à entrada do Cinema Scala que, aproveitando um dos intervalos do filme, vieram ao exterior apanhar um pouco de ar e fumar um LM, só consigo distinguir “White Persons Only”, não se distingue uma viva-alma oriunda dos Bairros Mafalala, Xipamanine, ou alguém que fale o dialeto Changana! Até dá ideia de que é uma foto tirada na África do Sul! (Peço que não seja mal interpretado, o meu comentário é somente baseado no que a foto mostra, não o faço com a intensão de ofender quem quer que seja, nem as políticas com que cada um simpatiza)!
Alfredo Caliano da Silva, “Rei da Marrabenta“! viveu toda a sua vida no Bairro da Mafalala em Lourenço Marques. (Alfredo Caliano da Silva, “King of Marrabenta”! lived his whole life in the neighborhood of Mafalala in Lourenço Marques).
(…This photo that I selected to insert in this article from “The Green Berets”, made me go back to the time when I was in Cape Town, South Africa, where apartheid was practiced, in which people were selected by skin color, where I saw signs saying “No Black” others said “White Persons Only”“Blanke Gebied” (Dutch) and many others! However, I, who was also in Mozambique, never saw any of that there! We, the Portuguese, did not follow the doctrine of “apartheid”! But in this photo, where viewers are seen at the entrance of Cinema Scala who, taking advantage of one of the intervals in the film, came outside to get some air and smoke an LM, I can only distinguish “White Persons Only”, there is no difference viva-alma from the neighborhoods Mafalala, Xipamanine, or someone who speaks the Changana dialect! It even gives the impression that it is a photo taken in South Africa! (I ask that it is not misunderstood, my comment is only based on what the photo shows, I do not do it with the intention of offending anyone, nor the policies with which each sympathizes)!
Hambanine Brada, até ao próximo post! entretanto aproveitem para dançar um pouco de Marrabenta! (Hambanine Brada, until the next post! meanwhile take the opportunity to dance a little Marrabenta)!
…” Tudo tem princípio e fim” outro é “O que é bom também se acaba”, são ditados antigos criados pelo homem, que ainda hoje se mantêm actualizados. Os 35 dias de férias que, graças ao Sr. Capitão Rocha da Força Aérea Portuguesa (FAP) e, ao Sr. Capitão Dinis de Almeida meu comandante, o primeiro por que me arranjou passagens de avião, e o segundo porque me autorizou a sair de Lourenço Marques, e me deu 35 dias de férias, para que pudesse ir até à minha aldeia Maiorga, visitar a esposa, filhos e restante família, antes de ser transferido para Mueda, Cabo Delgado. As férias acabaram e, como diz o ditado, “O que é bom também se acaba” até que chegou o dia em que tive de deixar novamente a esposa e filhos, e voltar a Lourenço Marques para cumprir mais 422 dias que faltavam para terminar a comissão. “O que é bom também se acaba”!
(…”Everything has a beginning and an end” another is “What is good also ends”, ancient dictations created by man, which are still up to date today. The 35 days of vacation that, thanks to Mr. Captain Rocha of the Portuguese Air Force (FAP) and Mr. Captain Dinis de Almeida, my commander, the first because he got me plane tickets, and the second because he allowed me to leave from Lourenço Marques, and gave me 35 days of vacation, so I could go to my village in Maiorga, visit his wife, children and other family, before being transferred to Mueda, Cabo Delgado. The holidays are over and, as the saying goes, “What is good is also over” until the day came when I had to leave my wife and children again, and return to Lourenço Marques to fulfill another 422 days left to finish the commission. “What is good is also over”)!
Casa dos meus pais onde vivíamos e passei as férias. Com o passar dos anos, as intempéries têm-lhe causado alguma degradação, conforme se pode observar na foto, no entanto ainda se mantém de pé! (My parents’ house where we lived and spent the holidays. Over the years, the weather has caused some degradation, as you can see in the photo, however it still stands)!
Mulheres da Ilha de Bijagó, Guiné-Bissau. (Women from Bijagó Island, Guiné-Bissau).
…Com saída do aeroporto Militar Figo Maduro em Lisboa no dia 11 de Março de 1970, a bordo de um avião DC6 da Força Aérea Portuguesa, onde viajavam também senhoras, esposas de oficiais que, pelo que diziam, deslocavam-se da Guiné a Lisboa para virem arranjar o cabelo!? Este avião era somente para transporte de pessoal da Força Aérea e oficiais dos outros ramos e das senhoras, eu era uma excepção, andava à boleia. O Avião fez escala na Guiné-Bissau, onde permanecemos uma hora e trinta minutos, sem autorização para sair do aeroporto. Como não eram servidas refeições a bordo do avião, e eu ainda não tinha comido nada desde que tinha saído de casa, ao chegarmos ao aeroporto em Bissau, dirigi-me a um bar que lá existia, e perguntei o que podia comer para matar a fome, sendo aconselhado a comer um bife de Pacaça, coisa que eu nunca tinha comido, mas tive azar, quando o estava começar a comer, iniciaram a chamada para embarcar, não tendo tempo para o acabar de ingerir o bife de Pacaça, tive de o pagar e deixar o prato na mesa!
(…Departing from the Militar Figo Maduro airport in Lisbon on March 11, 1970, on board a DC6 plane of the Portuguese Air Force, where also ladies, wives of officers who, from what they said, were traveling from Guinea to Lisbon to come and fix your hair !? This plane was only for transporting Air Force personnel and officers from other branches and ladies, I was an exception, hitchhiking. The plane made a stopover in Guinea-Bissau, where we stayed an hour and thirty minutes, without authorization to leave the airport. As no meals were served on board the plane, and I hadn’t eaten anything since I left home, when we arrived at the airport in Bissau, I went to a bar that existed there, and asked what I could eat to kill the hungry, being advised to eat a Pacaça steak, something I had never eaten, but I was unlucky, when I started to eat it, they started the call to embark, not having time to finish eating the Pacaça steak, I had to pay him and leave the plate on the table)!
…Eram 18H00 quando o avião descolou do aeroporto na Guiné-Bissau, com nova escala programada para Luanda-Angola, onde chegamos no dia seguinte. Não posso precisar quantas horas voamos de um aeroporto ao outro, só sei que foram vinte e sete horas que o avião (DC6), gastou a percorrer a distância de Lisboa a Lourenço Marques. Estes aviões voavam a quatrocentos quilómetros (+-) de velocidade por hora e, como o avião por questões de segurança, não podia sobrevoar alguns países Africanos com quem Portugal não tinha boas relações, obrigava a desviar a rota, sobrevoando mais sobre as águas do Atlântico. Estas alterações da rota, aumentavam substancialmente a distância e as horas de voo!
(…It was 6 pm when the plane took off from the airport in Guinea-Bissau, with a new stopover scheduled for Luanda-Angola, where we arrived the next day. I cannot specify how many hours we fly from one airport to another, I only know that it was twenty-seven hours that the plane (DC6) spent traveling the distance from Lisbon to Lourenço Marques. These planes flew at four hundred kilometers (+ -) of speed per hour and, like the airplane for safety reasons, it could not fly over some African countries with which Portugal did not have good relations, it obliged to deviate the route, flying over the waters of the Atlantic. These alterations in the route, substantially increased the distance and the hours of flight)!
…O avião DC6 da FAP, na Quarta-Feira dia 12 de Março, aterra no aeroporto de Luanda depois de ter escalado a cidade de Bissau na Guiné. Em Luanda permanecemos o resto do dia e a noite de 12 para 13, tendo pernoitado na “Pensão Sírios”, uma modesta pensão que o taxista me indicou, era tão modesta que até a mesinha de cabeceira para se manter direita, tinha uns pequenos tijolos debaixo dos pés. Para agradecer a preciosa ajuda ao Sr. Capitão Dinis de Almeida, trouxe-lhe três garrafas de Licor de Ginja de Alcobaça que, no quarto retirei da mala colocando-as sobre a mesinha de cabeceira, só que, de manhã ao levantar-me, tropecei em um dos tijolos fazendo cair as garrafas, a sorte é que consegui agarrar duas no ar sem as deixar ir ao chão, acabando por oferecer ao Capitão Dinis de Almeida, em vez de três, duas garrafas. No dia seguinte deixamos Luanda, prosseguindo viagem rumo a Lourenço Marques!
(…FAP’s DC6 plane, on Wednesday, March 12, lands at Luanda airport after having climbed the city of Bissau in Guinea. In Luanda we stayed the rest of the day and night from 12 to 13, having spent the night in the “Pensão Sírios”, a modest pension that the taxi driver indicated to me, it was so modest that even the bedside table to stay upright, had some small bricks under the feet. To thank Mr. Captain Dinis de Almeida for his precious help, I brought him three bottles of Liquor de Ginja de Alcobaça, which I took out of my suitcase and placed them on the bedside table, only in the morning when I got up, I tripped over one of the bricks causing the bottles to fall, the luck is that I managed to grab two in the air without letting them go to the ground, ending up offering Captain Dinis de Almeida, instead of three, two bottles. The next day we left Luanda, continuing our journey towards Lourenço Marques)!
…Um pouco de história à volta da “Loanda milenária Bantu” e da “Luanda Colonial” fundada pelo Capitão Paulo Dias de Novais em 25 de Janeiro de 1576!.
…A cidade de Luanda, (Loanda) capital da então Província Ultramarina de Angola, até 11 de Novembro de 1975 (dia em que foi proclamada a independência), NÃO foi fundada pelo capitão Paulo Dias de Novais! Luanda é uma cidade milenaria, cujo nome lhe foi dado pelos Bantu! O capitão Paulo Dias de Novais, Neto do navegador Bartolomeu Dias, fundou a Vila de São Paulo da Assunção de Luanda, a Luanda Colonial em 25 de Janeiro de 1576, por cima da Luanda milenária Bantuque já existia. O capitão Paulo Dias de Novais, foi o 1º Governador e Capitão-General de Angola! A população da cidade de Luanda, celebrou na Segunda-Feira dia 25 de Janeiro de 2021, o seu 445º aniversário da sua fundação (Colonial)!
…A little history around the “Millennial Loanda Bantu” and “Luanda Colonial” founded by Captain Paulo Dias de Novaison January 25, 1576!
(…The city of Luanda, (Loanda) capital of the then Overseas Province of Angola, until November 11, 1975 (day when independence was proclaimed), was NOT founded by Captain Paulo Dias de Novais! Luanda is an ancient city, whose name was given to it by the Bantu! Captain Paulo Dias de Novais, grandson of the navigator Bartolomeu Dias, founded the Vila de São Paulo da Assunção de Luanda, Luanda Colonial on January 25, 1576, over the millennial Luanda Bantu that already existed. Captain Paulo Dias de Novais, was the 1st Governor and Captain-General of Angola! On Monday, January 25, 2021, the population of the city of Luanda celebrated its 445th anniversary of its founding (Colonial)!
…Logo pela manhã do dia 13 Quinta-Feira, saímos de Luanda com destino a Lourenço Marques, cidade de onde havia partido há 31 dias, aterrando no Aeroporto Gago Coutinho pelas16H00. Fui de férias com 35 dias de licença, mas, como fui a favor, estava pendente do dia em que havia avião com destino a Moçambique, daí eu ter ficado prejudicado em 4 dias, dias que acabei por gozar em Lourenço Marques. Como “O que é bom também se acaba” e, cumprindo o que o Capitão Dinis de Almeida me havia dito, ao entregar-me a autorização para ir visitar a família à Terra que me viu nascer (Maiorga), terminadas as férias (35 dias), fui-me apresentar, oferecendo-lhe duas garrafinhas de Ginja de Alcobaça, ficando a partir desse dia, a aguardar transporte para ir até ao planalto dos Macondes em Cabo Delgado -Mueda!
(…Early in the morning of the 13th Thursday, we left Luanda for Lourenço Marques, the city from which I had left 31 days ago, landing at Gago Coutinho Airport at 4:00 pm. I went on vacation with 35 days of leave, but, as I was in favor, I was pending the day that there was a plane bound for Mozambique, so I was injured in 4 days, days that I ended up enjoying in Lourenço Marques. Like “What is good is also over” and, fulfilling what Captain Dinis de Almeida had told me, when he gave me the authorization to go and visit the family to the Earth that saw me being born (Maiorga), the holidays ended (35 days), I went to introduce myself, offering two bottles of Ginja de Alcobaça, and from that day on, waiting for transport to go to the Macondes plateau in Cabo Delgado -Mueda)!
Deverá estar ligado para publicar um comentário.